domingo, 10 de janeiro de 2016

O autismo é desse mundo!


O mais leigo dos leigos tem pelo menos uma resposta na ponta da língua para dar quando se fala em autistas: são pessoas que vivem em um mundo próprio. Bem... carro próprio, casa própria, são coisas que qualquer um já ouviu falar. Mas, mundo próprio?! Eu também sou leiga no assunto, afinal, ter um filho autista não me faz experiente em autismo, contudo, acredito que há apenas um mundo, onde habitam autistas e não-autistas, cada grupo com suas peculiaridades.

Apesar dessa percepção recente, confesso que também tive medo, assim que comecei a perceber traços de autismo em algumas atitudes do meu filho. Medo de que ele fosse para o tal mundo próprio e se apartasse de mim e do meu amor de mãe para sempre. Como temi só de lhe imaginar distante, já com a mochilinha nas costas, partindo em viagem intergalática para essa outra dimensão. Será que não seria o caso de levar um casaquinho?

Brincadeiras à parte, avalio que colocar autistas em um mundo próprio inacessível é não fazer força para compreender, talvez um arranjo social para não precisar se aproximar tanto, uma justificativa para o afastamento que se forma em torno das diferenças.. Felizmente, os autistas da geração do meu filho, e suas famílias, contam com a sorte de terem nascido na era da informação e da comunicação, que lhes dá voz e vez. Sabem ou saberão que tem deveres e direitos constituídos, inclusive através de leis que só se aperfeiçoarão a medida em que forem sendo utilizadas.

O autismo e o autista são desse mundo, acredite. Se existem muitas diferenças entre o meu filho autista e o seu filho neurotípico (você não achou que eu fosse usar a palavra "normal", achou?!)? Claro! Mas, quanto mais foco for dado às diferenças, menos aparecerão as semelhanças, que são tantas também. E são elas, as semelhanças, e não as diferenças, que tem o poder de dar a todos a chance de desfrutar do mesmo mundo: o mundo das possibilidades. 

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