sexta-feira, 10 de junho de 2016

ABA: você sabe realmente o que é?

ABA: conheça de verdade (Google Imagens)
Se você é mãe de criança com TEA/autismo com certeza já ouviu falar em ABA. Talvez os profissionais que trabalham com seu filho já tenham dito que usam essa metodologia e você ficou muito satisfeita e espalhou logo a boa nova por aí. Mas, afinal, o que é ABA? Não é absurdo não saber ou não conseguir explicar, porém, é melhor que você saiba e espero que essa leitura possa lhe ajudar um pouco.

Vou começar dizendo que ABA é uma sigla em inglês que traduzida significa algo como "Análise Comportamental Aplicada". Essa abordagem da Psicologia é utilizada para a compreensão do comportamento; ela observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem. 

Seus objetivos são:

- trabalhar déficits: dificuldades ou inabilidades que prejudiquem vida e aprendizagem;
- diminuir a frequência de comportamentos indesejáveis, como birras;
- promover o desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas, cognitivas etc.
- promover comportamentos socialmente desejáveis.

Na abordagem ABA comportamento pode ser explicado pela identificação dos antecedentes e suas consequências. Isto é, somos levados a pensar o que causou na criança certo tipo de comportamento indesejável e o porquê dela reproduzir aquele mesmo comportamento em outras situações. 

A participação da família e de pessoas que convivem com a criança tem grande contribuição para o sucesso da aplicação do ABA. Converse com o psicólogo que trabalha com seu filho e decida se essa pode ser a abordagem mais efetiva.

Você usa ABA com o Bento?

Essa é uma pergunta que se repete com alguma frequência em mensagens que me chegam a partir desse blog e de sua página no Facebook. A resposta pode decepcionar um pouco: não. Mas não se assuste, vou justificar.

Embora pareça fácil, ABA é um método complexo e que precisa considerar individualmente cada criança e suas peculiaridades. O principal empecilho para que utilizemos ABA com Bento é a carga horária que ele demanda: 20 a 30 horas semanais. Já li artigos que recomendam até de 30 a 40 horas semanais. Importante dizer, para assustar menos, que conta nesse cálculo o tempo que a criança permanece na escola.

O fato de não aplicarmos o método em sua plenitude com Bento não quer dizer que não possamos nos favorecer de seus princípios/fundamentos. O que pode ser trabalhado com ele nas sessões semanais de terapia (respeitando sua disponibilidade de carga horária) é trabalhado - com a psicóloga, principalmente, mas seguindo a mesma linha com a fonoaudióloga e a terapeuta ocupacional. 

Reforçador

Em casa, orientada pela psicóloga, uso um dos artifícios famosos do ABA: o reforçador. Falando de maneira acessível, reforçador é uma recompensa que a criança pode ter direito por conseguir trocar um comportamento indesejável por um desejável. 

Na prática: Bento passou meses se recusando a comer feijão e arroz em casa. No almoço aceitava apenas carne. Quando insistíamos: recusa, choro, desespero. Com o uso do reforçador consegui fazer com que ele voltasse a comer. Eu usei uma guloseima, mas pode ser uma atividade ao ar livre, um desenho etc., depende da compreensão da criança. *

Uma dúvida que eu tinha era se precisaria passar o resto da vida trocando almoço por recompensa, mas a verdade é que à medida que a criança vai compreendendo que, nesse caso, o almoço é gostoso e não lhe faz mal algum, ela vai comendo simplesmente porque quer comer e não por querer ganhar algo em troca. Esse processo está em andamento aqui.

Outra questão importante nessa abordagem é que não existe reforçador negativo. Ou seja: não dá para deixar a criança sem ver TV porque ela não quis almoçar - ainda estou usando o exemplo de Bento. O ABA rejeita qualquer tipo de punição. Sendo assim, você pode me perguntar: quer dizer que eu, como mãe, não posso mais castigar meu filho? O que eu lhe digo é: castigar você até pode, o que você não pode é dizer que esse tipo de atitude negativa tem a ver com a aplicação do ABA, que prioriza justamente a resposta positiva.

*Adendo do psicólogo Fábio Coelho, em 12/06/2016: reforçador é toda consequência que aumenta a probabilidade de um comportamento ocorrer no futuro, pode ser arbitrário, como as recompensas que você citou, ou natural. A idéia é usar o mínimo de recompensas artificiais possível. Um elogio, um sorriso, a atenção dos pais, um abraço, bater palmas, cantar, quando usados para valorizar uma atitude adequada da criança são reforçadores.

Fonte: http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-0/aba-uma-intervenc-o-comportamental-eficaz-em-casos-de-autismo

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